Colocação de fotografias e texto

As imagens que colam o real ao tempo e viajam no espaço, são neste blog um tema a explorar nas mais diversas áreas , trazendo até nós os seus pequenos universos conquistados ...num simples disparo.
"gentes e espaços", pretende também promover a discussão de temas importantes sobre ambiente e conservação, sociedades, cultura, politica entre outros...


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A Integração de minorias étnicas -1

O espaço social evidencia constantemente falhas de comunicação e organização entre os actores sociais, individuais ou colectivos , a dinâmica movimenta-se pela norma instituída no quadro das leis que de uma forma autoritária impõem atitudes e comportamentos sobre os mais diversos cenários e momentos . A auto-regulação das sociedades faz-se (também) de forma inconsciente, paralelamente ao uso consciente dos limites impostos para a acção.  As relações sociais de nível cultural , política e económica são consequências de uma produção social estratificada, em que os actores se movimentam de acordo com variáveis não ambientais mas sim codificadas em volumes de orientações  trabalhadas ao longo do tempo pelo poder e pelos agentes,historicamente. As predisposições para a acção podem ou não terem sucesso, o que "eu" "quero" ou "gostaria" pode nunca chegar a concretizar-se devido aos diferentes percursos que se apresentaram no "meu" processo socializador específico e que determinaram a construção da minha identidade.

Por um lado tentamos impor as nossas vontades, por outro estamos sujeitos a uma praxis aplicada por determinismos políticos e económicos de esferas superiores . O materialismo consegue dominar o campo das interacções, que não é certamente expôntaneo. Os condicionalismos imperativos do poder "régio" sugere dependências quase inconscientes que moldam a prática das disposições dos actores e nivelam a sua posição social. Boudieu refere que as práticas culturais são resultado ou determinadas em grande parte pelas trajectórias educativas e socializadoras dos agentes, ou seja é na família ou na escola que o gosto cultural é produzido e integrado e não inato. O inato segundo as principais teorias Sociológicas parece não ter muito significado neste contexto de estrutura social,posição de privilégio, produção cultural e ascensão social.

Para Bourdieu, Weber e Dukheim , a construção social da realidade é fruto de articulações de sentido que os indivíduos estabelecem com os seus semelhantes. Para Bourdieu as determinações materiais e simbólicas, numa complexa relação de interdependência, agem sobre as estruturas sociais  e psicológicas dos agentes e Instituições em situações historicamente contextualizadas. A concentração do capital , o processo de produção capitalista , para trazer à discussão Marx, que segundo este é responsável pela alienação do Homem, produz diferenças e determina uma hierarquia social extremamente polarizada, onde em última análise o indivíduo perde a sua identidade e lhe é vedada qualquer tipo de  movimentação no espaço social , mais ambiciosa.

Efectivamente, e quanto mais observamos que a distribuição do capital é desigual, constatamos que as sociedades envolvidas neste processo , ou seja o "Mundo Social" age de acordo com o que lhe reserva a distribuição do capital, onde os países mais ricos se assumem como o poder Mundial e ditam as regras em como o espaço social global vai funcionar. Muitos ganhos conseguimos com a Globalização, inquestionável os aspectos positivos, mas de igual forma inquestionável a concentração do capital a que esse processo levou. Temos um claro exemplo deste facto que é uma Europa a três velocidades, a dos Países muito ricos os que se situação a um nível intermédio e por último os pobres como é o caso de Portugal.
Esta situação é extremamente vinculadora quando pretendemos abordar a temática, neste caso, da integração de minorias étnicas, pois estas inserindo-se em duas sociedades contíguas são mais vulneráveis à distribuição do capital na forma como isso determina as vivências e as relações entre os indivíduos no espaço social e deste para o espaço social que o rodeia.

A estrutura social é pois um sistema altamente hierarquizado de poder e privilégio que é determinado pelas relações materiais e económicas como pelas simbólicas e ou culturais entre os actores sociais. A questão simbólica ou como referi no início, a acção inconsciente da acção do actor no espaço social está intimamente ligada ao poder simbólico,que de acordo com Bordieu, o caracteriza como sendo invisível, só podendo ser exercido " com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem" (2003:07).