Colocação de fotografias e texto

As imagens que colam o real ao tempo e viajam no espaço, são neste blog um tema a explorar nas mais diversas áreas , trazendo até nós os seus pequenos universos conquistados ...num simples disparo.
"gentes e espaços", pretende também promover a discussão de temas importantes sobre ambiente e conservação, sociedades, cultura, politica entre outros...


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fomos pontualmente grandes...agora infinitamente pobres

Aproxima-se novo Ano de tertúlias e jogos políticos, os comediantes dançam e jogam cartadas de desprezo e insensibilidades , o que querem é ganhar e encher os bolsos, tudo em nome de uma nova ordem Liberal em que advogam o fim do Estado Social, pois naturalmente não lhes convém! Vamos perdendo as conquistas que nos aproximaram de um Estado de Direito, pluralista, democrático e social para dar lugar a uma organização qualquer chamada  " Estado de Capital", repleto de incongruências, prepotências, e de novo rumo que é o fim de Portugal.

Portugal que desde há muito se pautou pelo exercício de grandes demandas, orientadas por grandes Homens que infelizmente não deixaram muito de descendência, pois o que restou são vergonhas de personagens que pela demagogia e deambulação patológica crónica, tramam a vida ao Cidadão comum que sempre acreditou nas "coisas" adquiridas, mas em vão. Olhamos à frente do pelotão e perfilam Países recheados de Estado Social, em que felizmente o Inverno por mais duro que seja não levam muitas pessoas como acontece neste cantinho à beira mar desfigurado. Somente temos um bom clima, mas que não chega para iluminar as cabeças dos que andam nos corredores de São Bento a maior parte das vezes sem saber a diferença entre Estado Social de um Estado Totalitarista ou Fascista, pois isso não interessa para esses cromos de inteligência artificial formatada pelos pretendentes Mestres Maçónicos, gentalhas. Os aventureiros Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã foram à procura do Prestes João numa tentativa de encontrar a tábua de salvação,mas em vão, pelo menos ao que se sabe. O bom período deste Pais Pioneiro da Globalização terá provavelmente acabado no reinado de D. João II pois seguidamente foi a total anarquia, onde as riquezas que vieram não contribuíram para a edificação de uma Grande Nação, mas de alguns bons monumentos, independente de outros legados mais vastos mas de pertença colectiva como é a nossa língua.

O Povo sentido nem coragem tem para alterar o rumo dos acontecimentos, olhando para o  histórico de participação eleitoral, revela pouca preocupação pelo estado da Nação, o vira o disco e toca o mesmo é sinal mais que suficiente desta falta de espírito e de vontade, e esta questão surge como bastante pertinência, pois não se entende este virar de costas que contribui inevitavelmente para a desgraça, e surge assim o maior exemplo de todos, como podemos ter um Presidente da República que representa um milhão de Portugueses, este não é certamente um exercício de poder representativo....

A salvação do fim vislumbrava-se com uma esquerda forte liderada por um PS igualmente de esquerda, mas infelizmente este ostenta em grande parte figurantes bem mais de direita, que alguns membros dos próprios partidos de direita, sem desprimor dos esquerdistas socialistas, este é actualmente um PS, Partido da cáca, que com o PSD e CDS fazem a plena m.... e dão cabo da vida ao Pessoal.

Ás vezes não sei de quem é a culpa, ou se efectivamente vivemos uma miragem de algo que há muito se foi juntamente com o reino do Prestes João, provavelmente na época da nossa epopeia marítima em que fomos e ao mesmo tempo desaparecemos. Não podemos dizer que somos obrigados a votar nestes ou naqueles, esse acto foi e ainda é livre, mas nunca deu os frutos que teoricamente devia dar. Este contexto leva-me a crer que no fundo todos temos culpa por sermos de novo invadidos, embora uns mais que outros, mas quem não a tem são os que de fome e miséria suplicam por  uma refeição que lhes é negada por um ESTADO SOCIAL, suplicam por um medicamento que lhes é negado pelo Estado Social, suplicam por quase tudo que lhes é negado pelo suposto e envergonhado e desaparecido Estado Social. 

Ao invés da mi´seria e da desgraça, da vergonha escondida, os ricos aumentaram e as fortunas populam por ai, este é talvez o destino de Portugal um agradável sitio para os Ricos passarem férias...à semelhança de muitos momentos da Monarquia, a História repete-se.




segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Norte/Sul

O tempo frio enrijece os ossos, a pele fica áspera requisitando um creme gordo, no geral o corpo quer mais roupa, procura calor e aconchego. Nas idades mais vividas a rijeza é fustigante , assim como os braseiros do verão não poupam já quem tem pouco para se defender. Este é o nosso tempo o nosso espaço que cada vez mais acrescenta ás dificuldades imposições dos Srs. Patrões que regra geral terão certamente a pele bem mais macia e provavelmente sem rugas, aparências que gozarão  com os seus aliados e familiares numa boa ceia de natal sem preocupações de maior. E os outros? Já não basta as "troiquiniçes" que limitam o Ser na sua essência, como lhes elevam a idade da reforma para idades incompreensíveis e redutoras da condição Humana. Se vivemos numa União Europeia porque descem a idade da reforma os Países Nórdicos, como o caso recente da Alemanha? É do tempo, da frieza? da neve? Ou efectivamente não estamos numa União, mas sim numa desunião? Novamente capitulamos sobre o jugo Imperialista   do capital e tristemente nada fazemos. Daqui a pouco até a ceia de natal vai pagar imposto, vai...vai...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A Integração de minorias étnicas -1

O espaço social evidencia constantemente falhas de comunicação e organização entre os actores sociais, individuais ou colectivos , a dinâmica movimenta-se pela norma instituída no quadro das leis que de uma forma autoritária impõem atitudes e comportamentos sobre os mais diversos cenários e momentos . A auto-regulação das sociedades faz-se (também) de forma inconsciente, paralelamente ao uso consciente dos limites impostos para a acção.  As relações sociais de nível cultural , política e económica são consequências de uma produção social estratificada, em que os actores se movimentam de acordo com variáveis não ambientais mas sim codificadas em volumes de orientações  trabalhadas ao longo do tempo pelo poder e pelos agentes,historicamente. As predisposições para a acção podem ou não terem sucesso, o que "eu" "quero" ou "gostaria" pode nunca chegar a concretizar-se devido aos diferentes percursos que se apresentaram no "meu" processo socializador específico e que determinaram a construção da minha identidade.

Por um lado tentamos impor as nossas vontades, por outro estamos sujeitos a uma praxis aplicada por determinismos políticos e económicos de esferas superiores . O materialismo consegue dominar o campo das interacções, que não é certamente expôntaneo. Os condicionalismos imperativos do poder "régio" sugere dependências quase inconscientes que moldam a prática das disposições dos actores e nivelam a sua posição social. Boudieu refere que as práticas culturais são resultado ou determinadas em grande parte pelas trajectórias educativas e socializadoras dos agentes, ou seja é na família ou na escola que o gosto cultural é produzido e integrado e não inato. O inato segundo as principais teorias Sociológicas parece não ter muito significado neste contexto de estrutura social,posição de privilégio, produção cultural e ascensão social.

Para Bourdieu, Weber e Dukheim , a construção social da realidade é fruto de articulações de sentido que os indivíduos estabelecem com os seus semelhantes. Para Bourdieu as determinações materiais e simbólicas, numa complexa relação de interdependência, agem sobre as estruturas sociais  e psicológicas dos agentes e Instituições em situações historicamente contextualizadas. A concentração do capital , o processo de produção capitalista , para trazer à discussão Marx, que segundo este é responsável pela alienação do Homem, produz diferenças e determina uma hierarquia social extremamente polarizada, onde em última análise o indivíduo perde a sua identidade e lhe é vedada qualquer tipo de  movimentação no espaço social , mais ambiciosa.

Efectivamente, e quanto mais observamos que a distribuição do capital é desigual, constatamos que as sociedades envolvidas neste processo , ou seja o "Mundo Social" age de acordo com o que lhe reserva a distribuição do capital, onde os países mais ricos se assumem como o poder Mundial e ditam as regras em como o espaço social global vai funcionar. Muitos ganhos conseguimos com a Globalização, inquestionável os aspectos positivos, mas de igual forma inquestionável a concentração do capital a que esse processo levou. Temos um claro exemplo deste facto que é uma Europa a três velocidades, a dos Países muito ricos os que se situação a um nível intermédio e por último os pobres como é o caso de Portugal.
Esta situação é extremamente vinculadora quando pretendemos abordar a temática, neste caso, da integração de minorias étnicas, pois estas inserindo-se em duas sociedades contíguas são mais vulneráveis à distribuição do capital na forma como isso determina as vivências e as relações entre os indivíduos no espaço social e deste para o espaço social que o rodeia.

A estrutura social é pois um sistema altamente hierarquizado de poder e privilégio que é determinado pelas relações materiais e económicas como pelas simbólicas e ou culturais entre os actores sociais. A questão simbólica ou como referi no início, a acção inconsciente da acção do actor no espaço social está intimamente ligada ao poder simbólico,que de acordo com Bordieu, o caracteriza como sendo invisível, só podendo ser exercido " com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem" (2003:07).







segunda-feira, 27 de maio de 2013

Não perçebo o que se passa em Portugal !

Ontem, dia 26 de Maio, por acaso, encalhei no canal SIC onde com toda a pompa e cerimónia ia começar em horário nobre um programa denominado Splash das celebridades, ou uma coisa do género, onde umas figuras da praça saltam de umas pranchas todos enfeitados e falam sobre o salto que deram para a água...aquilo não tem ponta por onde se pegue , inclusive as personagens que lá estão, algumas pareçem acabadas de sair de uma casa de ....! Como é possível este programa ter audiência? Quem autoriza uma aberração  desta mediocridade? Mas o que se passa com a nossa Sociedade? Chego à conclusão que as nossas capacidades inovadoras, de através dos meios de comunicação social conseguirmos levar à nossa População alguma cultura, mesmo que através do entretenimento, não existe, ou se existe anda escondido! Precisaremos desta qualidade televisiva? Será que a miséria passou de económica para intelectual ? Assim não vamos lá...há quem diga que, salva raras excepções, nunca fomos "Grandes", sinceramente começo a acreditar. O que me preocupa ao tentar perçeber estas coisas, é que existe um punhado de pessoas que no alto dos "centros de comando" , gozam deliberadamente com a população chamando-lhes literalmente burros, e enquanto permitirmos que isso suçeda, só temos uma coisa a fazer, mudar de canal.....mas não basta , mudar de canal e fazer um reset , porque existem por ai uns Eunucos que dizem que enquanto o Povo se manifesta , os ricos podem dormir descansados! No fundo da questão  não temos líderes à altura e somos gozados a torto e a direito, só falta mesmo um programa pior que o splash, o que é difícil. 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Movimento AMBIENTALISTA

Recordo-me dos tempos em que pulavam Associações Ambientalistas por todos os lados, umas acabaram por desapareçer, outras por se agregarem em núcleos mais fortes , que posteriormente deram origem a Associações Nacionais, como é o caso da Quercus, LPN, GEOTA,CEAI, entre outras. Assumiram-se  como mediadores sociais nas questões problemáticas mais significativas que atravessaram as duas últimas décadas em Portugal, levando ao surgimento de novas atitudes e disposições face ao Meio Ambiente. Certo que os grandes embates que se travaram em momentos particulares, associados ao boom de desenvolvimento estrutural que o Pais iniciou com a entrada na Comunidade Europeia, são muito questionáveis, desde o Alqueva, ponte Vasco da Gama , ordenamento da costa Algarvia, são exemplos claros que nunca se constituíram como grandes lobbys de pressão , ao invés os programas e projectos de sensibilização que divulgaram, produziram os seus efeitos. Penso contudo, que este movimento , com início mais expressivo depois do 25 de Abril, decaiu à medida que se transformaram em pequenos aglomerados elitistas de forte pendor político com vista   à obtenção dos famosos`"tachos" e protagonismo social e cultural. O pais estava a mudar, como aliás o mundo inteiro mudava, as famosas disputas que o Movimento Ambientalista  teve com o poder político e com alguns segmentos da nossa sociedade e que não conseguiu vençer , deveu-se em minha opinião,  pela ausência de alternativas credíveis e sustentadas e por não terem perçebido o timing das mesmas. Importámos um modelo de Movimento Ambientalista que já não se adaptava à nossa realidade, nunca perçebemos isso, e acabámos irremediavelmente a fazer trabalhos de investigação, muitos feitos na secretária, com as associações a definharem à medida que os apoio financeiros iam e vão acabando. Quem soube aproveitar , tirou bom partido da inocência da idade deste Movimento, egoísta  por seu lado, porque a demandada e os interesses secundários que mais tarde se verificaram, não deixaram  o movimento amadureçer. Tenho a sensação que foram substituídos pela legislação, que em muito deve a estas associações, penso ser a vitória mais conseguida, pois traduz-se em vários campos, desde o ordenamento até ao meio escolar e cientifico. Bem no fim , onde andam? Como está o Movimento Ambientalista actualmente? A fazer Educação Ambiental ( importante) ,uns trabalhos aqui e ali, umas visitas guiadas ao campo e ? Até neste campo não soubemos projectar uma ideologia para o futuro que estivesse preparada para as consequências da globalização, porque os problemas ambientais continuam...e acima de tudo a imagem que deixámos foi a imagem dos cabeludos, fundamentalistas , mal vestidos, etc...,etc..., bem excepções existem, temos um programa na televisão, que uma associação ensina a poupar energia, água, e outras coisas mais , mas para isso não precisamos de uma Associação Ambientalista. Agora sem dinheiro voltamos à década de sessenta... 

Uma palavra de apreço aos meus amigos ambientalistas que se destacaram e continuam aqui e lá fora a dar o seu contributo pela causa, embora noutras Entidades. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O FIM DE UM MODELO 

Notícias diárias sobre a crise económica que atravessamos, bombardeamentos massivos de opiniões singulares ou colectivas, Ministros a toda a hora naquele pedaço de lcd, vidro ou plasma, assente numa mesa de um qualquer lugar da casa, cansam-nos e motivam-nos a fazer uma pesquisa de canais, de preferência os Odisseia, national geografic, história ,etc..., e quando chegamos à escolha certa, um desabafo surge... é que não podemos mais, pareçe que o Pais parou e o único protagonista da nossa sociedade se resume ao ministro das Finanças. De qualquer forma , não perçebo porque continuamos , ou melhor, porque continuam a tentar descobrir maneiras de contornar isto e aquilo, de pedir mais ou menos dinheiro, de culpar este ou aquele, quando o problema é simples, a Sociedade Ocidental esgotou um modelo sócio-económico que era pura e simplesmente inexequível ! O caso Europeu , estava condenado ao fracasso, e o que vemos é isso mesmo, a derrota de um capitalismo cego e bruto, de um espaço social comunitário comandado por um ou dois Paises, que a História sempre nos disse os seus propósitos, e que estando com uma economia equilibrada, levaram outros países à vergonha de bancas rotas e acima de tudo a uma crise social que se avizinha problemática, pois qualquer modelo que se queira implementar para a Zona Euro( ou outra zona qualquer) tem que prever a diversidade sócio-cultural e económica dos Estados que o vão integrar. A questão persiste quando tentam remendar uma câmara de ar que já não têm espaço para mais nenhum remendo , e neste jogo do empurra, surgem os Líderes das Grandes Economias , dos Bancos , das Empresas, reforçando a necessidade de alterar Constituições, de retirar direitos ganhos ao longo de décadas , tudo em nome das contas destes grandes Senhores, que ainda por cima gozam com a populaça quando esta se manifesta e se regozijam no deleite das suas mesas, que certamente estão bem mais preenchidas que a mesa da maior parte da nossa população. Observamos então uma Europa a dois tempos, com clara dominância dos paises Nórdicos credores e com a zona a sul , de Paises subsidiários. Claro que temos de ter presente que durante muitos anos, estes países subsidiários, como é o caso de Portugal, reçeberam milhões e milhões de euros para reformas estruturais, mas...sabemos que parte do dinheiro foi mal aplicado, outra parte com destino incerto e o restante ... bem é discutível a utilidade que lhe foi dado, o que é facto é que se pagou para não produzir, as quotas de pescas e da agricultura limitadas, enfim uma autêntica bandalheira de reformas estruturais...e agora queremos voltar ao mar , à agricultura e não temos xêta, a banca desfalcada não empresta, mas continuamos a ter grandes fortunas, dentro de uma sociedade na miséria, cujas conquistas Sociais se vão esfumando no horizonte. Não obstante , penso que faltou e falta coragem para punir aqueles que gananciosamente  encheram os bolsos e hipotecaram literalmente a sobrevivência e liquidez económica de muitas gerações e retiram os projectos de vida ás gerações presentes.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O Pessoal do meu bairro...os "terríveis do bairro da caixa"  e os " passareiros "

A casa onde vivi grande parte da minha infância e juventude , situada na Avenida Heróis do Ultramar em Évora, na proximidade do célebre Bairro da Caixa, assumia-se como um local privilegiado de aprendizagens que me marcaram profundamente na construção da minha identidade. De um lado da rua constituíam-se grupos de Jovens  que denominávamos "os do bairro da caixa" na sua maioria mais velhos que eu, sempre de fisga ao bolso arremessando os projécteis aos ninhos de andorinhas e algumas vezes com as miras dirigidas à malta da minha Avenida. Nas proximidades da minha casa a criançada era mais ou menos da minha idade, ai formámos o nosso grupo da Avenida, onde as brincadeiras depois da escola eram todas aquelas que a imaginação e os recursos permitiam, a que os desenhos animados que passavam na televisão da época não eram alheios na arquitectura das fantasias que realizávamos. Com campo em redor as aventuras mais audazes seguiam o imaginário das guerras entre índios e cawbóis e da descoberta da natureza, tratando-se neste caso do rio xarrama nos arredores da Avenida.  Estas incursões a um Km de casa já  requeriam um planeamento mais elaborado, as distâncias nessas idades eram bem maiores que hoje, apesar de serem as mesmas, tudo nos parecia distante. Dos lançis dos passeios surgiam pistas de corridas de caricas que eram grandes circuitos de fórmula um, inclusive tínhamos campeonatos e calendários a cumprir, equipas de corridas de caricas decoradas com o maior rigor que as canetas de filtro permitia, perfilavam nos passeios que geralmente eram respeitados pelos automóveis dos pais. Naturalmente que a complexidade das brincadeiras foi um processo evolutivo, das caricas para carros em miniaturas, depois para carros de todo-o-terreno, a bola, as noitadas de musica com a malta da Avenida, onde som dos Led Zeppellin e dos Barclay James Harvest incomodavam os respectivos moradores e nos faziam ir deitar mais cedo. De uma forma geral o processo socializador pautava-se pela influência familiar, da escola e dos grupos de pares, num contexto social e cultural muito marcado pelos ecos da revolução de Abril .
Tive a sorte , já com os meus 14 anos , de encontrar na Avenida ao pé da minha, um grupo de jovens da minha idade, que se dedicavam à Observação de Aves. Apanhado no meio de várias influências sobre diversos percursos sociais e culturais que poderia seguir , entre os quais a Esgrima a tropa ou uma juventude política qualquer se assumiam sérios candidatos ao primeiro lugar, decidi integrar o Grupo dos Passareiros. Esta aventura, este virar de rumo sem planeamento, cativou a minha atenção e de alguma forma estruturou a minha personalidade e a minha maneira de ver as coisas.
Hoje observamos , infelizmente, crianças que acompanhados dos pais num qualquer restaurante , fazem-se acompanhar igualmente de instrumentos tecnológicos de jogos ( PlayStation; Tablets ...), e nesse momento tão singular como participar numa refeição com os pais onde se supõem um diálogo, uma aprendizagem, o que mais fazem é olhar para o ecrán, e tudo passa ...Naturalmente que os tempos evoluíram em várias direcções e domínios , a questão é : Não nos artificializámos em exagero julgando que algumas práticas antigas não faziam sentido na Modernidade, e por querermos a todo custo ser Modernos, acabámos por nem ser Modernos nem saber viver numa sociedade se de um momento para o outro faltar alguma tecnologia ? Então, esta Modernidade não implica aprendizagem do processo, limita a acção , nesta caso das crianças e dos jovens ao momento e ao material, sem requerer algum tipo de retrospectiva no entendimento das coisas e da vida, qualquer dia criamos crianças que querem viver dentro do tablet ou do Pc, ou mesmo dentro da Internet!


Um dos primeiros apontamentos de campo 


O caderno e o lápis acompanhavam-nos sempre que íamos para o campo ver Aves, assim eram passadas as tardes livres e alguns fins  de semana




terça-feira, 16 de abril de 2013

As alterações climáticas


As alterações climáticas têm contribuído ao longo do tempo para o acumular de mutações genéticas, importantes e significativas, na espécie humana. Os políticos, de especiação duvidosa, são os que em regra geral se sentam no topo da hierarquia social, são os que, dada a altura onde se movimentam, estão mais expostos a estas impiedosas e fustigantes transformações, que lamentavelmente se codificam nos seus reais cromossomas e passam de geração a geração. O resto da populaça apanha directamente e indirectamente com estes novos seres, mutantes de seu nome, habituados a nichos de escritórios que ocupam e não largam. Desta forma, vão degradando ainda mais o que o clima ainda não conseguiu, retirando as conquistas, as descobertas, os avanços e as contemplações que a Humanidade conseguiu num processo lento mas rico de essência.
Uma realidade humilhante que nos põem à prova , numa corrida que requer a nossa participação, nem que seja em pequenos momentos de conversas, testemunhos e reflexões.




sexta-feira, 22 de março de 2013

O meu primeiro aquário de reef


Projecto iniciado há um ano, teve como objectivo elevar a dificuldade do interesse pela aquariofilia a um patamar mais ambicioso , neste caso um aquário de recife de coral.  Conseguir controlar e monitorizar as  variáveis que sustentam o equilíbrio ecológico de um aquário marinho de corais , tem sido sem dúvida um desafio extremamente gratificante ao mesmo tempo que nos desperta quotidianamente para a fragilidade dos ecossistemas dos recifes de corais.

Ciganus vulpinus


Peixe palhaço 

Amphriprion frenatus

No que nos tornámos...(alguns)

Longe vai o tempo em que paulatinamente conseguíamos mudar contextos, em grupos ou individualmente acreditávamos em melhorar o nosso espaço social, as relações que estabelecíamos com o meio envolvente tinham uma génese construtivista uma perspectiva positivista das coisas, simples ou complexas, o objectivo era melhorar . A globalização trouxe mecanismos que nos permitiram reflectir e pôr em evidência , cada vez mais exigente, o significado da nossa existência . A simbologia das coisas tornava-se mais acutilante, quer para mim quer para os elementos dos grupos com que me relacionava, uma consciência colectiva trabalhava na ingenuidade para uma sociedade melhor. De qualquer forma as nossas estratégias de acção estavam intimamente ligadas ao habitus de cada um e ao habitus do grupo. Considerei importante trazer para este texto a noção de *habitus de Pierre Bourdieu pois explica como as práticas sociais se edificam no espaço social, pelo que a compreensão deste conceito nos permite verificar como uns tentavam mudar o mundo para cenários sociais, culturais e ambientais mais justos,  e outros tentavam angariar condições para mudar o mundo à sua imagem.( ou da classe de pertença ). O habitus segundo Bourdieu é um princípio " gerador de práticas ", isto porque é um sistema socialmente disponível de esquemas de pensamentos , de percepção de disposições, é a aquisição de conhecimentos que os indivíduos adquirem no seu percurso e no seu campo social onde existem. O habitus subsidia a predisposição para a acção e é diferente de cada um e de cada grupo ou classe. Mediante a nossa experiência de vida , do dia-a-dia, baseada numa determinada posição social que ocupamos, ocupámos, o agente social, eu, nós , elaborámos num processo construtivo configurações mentais que funcionam como princípios de avaliação e classificação das coisas que nos rodeiam. A percepção das coisas e a sua simbologia dependem do percurso, aleatório, (pois não está destinado à partida, embora condicionado ) que atravessamos, individualmente e colectivamente.  Infelizmente verifico com uma perplexidade anormal que aquilo em que acreditava, por conseguinte  as "coisas"  e o "meio" responsáveis pela construção das nossas acções, não são eternas e imutáveis, ao invés disso são extremamente dinâmicas, mas esse dinamismo social e ambiental não me preocupa, torna-se demasiado constrangedor quando as " coisas " e o " meio" agem no social por ideologias de poucos , juntos em agrupamentos ou classes dominantes. Em suma, continuo a acreditar que é certo e era certo, continuo a crer numa sociedade justa , democrática e equilibrada, mas vejo um espaço social carregado de gentes sem processo socializador, no bom termo , indivíduos que o seu " capital" é limitado em que a sua percepção das coisas colidem com o significado humano das mesmas, tentando criar um mundo à imagem da sua classe, deparvada em toda a sua constituição e constituintes, mutantes de baixo nível que põem em causa a evolução da nossa espécie, quer no seu sentido biológico, como social e cultural.